segunda-feira, 12 de outubro de 2015

LANÇAMENTO DO LIVRO: "GRUPO CULTURART, 25 ANOS SOB DIREÇÃO DE NILDINHA GALVÃO"

"Momento importante para minha vida e para a existência do Grupo Culturart. Noite de autógrafos do livro GRUPO CULTURART- 25 ANOS SOB DIREÇÃO DE NILDINHA GALVÃO." Nildinha Galvão.





PREFÁCIO

 Sabemos que a palavra pereniza a matéria de que ela é feita e, por isso, quando ainda não havia a palavra impressa, para preservá-la contra a efemeridade do tempo, os antigos aedos cantavam em versos as grandes realizações de seus heróis, difundindo-lhes a justa Fama e a reconhecida Glória dos quais eram merecedores. Ora, preservadas as devidas conjunturas, o que pretende esse livro, lançado pelo GRUPO CULTURART, sob a direção da Professora Irenilda Galvão, senão garantir à comunidade de Campo Formoso a memória de seus filhos, daqueles que, pelos seus grandes feitos, conquistam, hoje, honrosamente, um lugar no panteão de sua História?
Não bastasse a magnitude do trabalho de formação artística e cultural que os membros desse Grupo desenvolvem entre jovens adolescentes - voltados, sobremodo, para a classe economicamente desfavorecida -, a árdua e muitas vezes corajosa batalha que vêm empreendendo, concernente à conquista de um espaço físico digno para levar adiante o PROJETO CULTURART, por certo, por si mesma, já os notabilizam como valorosos guerreiros dessa pólis campoformosense!
 À medida que prosseguimos na leitura desse registro memorialista, verificamos que Irenilda Galvão (Profa. Nildinha), hoje também respondendo pelo Departamento de Cultura da Cidade de Campo Formoso, é reconhecida, entre todos os cidadãos, por seu trabalho humanístico à frente do GRUPO CULTURART. Aí desenvolve uma tarefa que vem sendo exercida de modo, sobretudo, consciente: ela sabe que, para levar adiante esse trabalho, é preciso, antes de tudo, estar ciente de que ele só produz seus efeitos através de uma tarefa educativa, que deve ser realizada tal qual a noção de arte concebida pelo escritor inglês Oscar Wilde, trazida entre seus famosos ensaios. Para este, a arte mais perfeita – e aqui a entendamos em sentido amplo -, é aquela que reflete com maior plenitude o homem em toda a sua infinita variedade. E os depoimentos de todos os membros que compõem o GRUPO CULTURART confirmam, entre eles, a força e a eficácia dessas palavras oscarwildianas!
É preciso mencionar aqui, especialmente, a importância da atividade teatral promovida pelo GRUPO CULTURART. O teatro exerce uma função eminentemente educativa sobre o povo, sobre seus expectadores. Pois bem! Quantos gênios da dramaturgia universal, pelas encenações de suas peças, esse GRUPO tornou conhecidos, tanto pelos cidadãos dessa comunidade, quanto pelos habitantes extramuros, ajudando-os na formação de consciências, auxiliando-os a alçarem-se à altura de uma vida pessoal e espiritual, edificadas pela via ética e estética!

 Ésquilo, o primeiro dos três maiores dramaturgos da Antiguidade, em suas tragédias, preconizava que é preciso sofrer para aprender. Mas, para ficar com o teatro moderno, citemos um dos dramaturgos mais encenados pelo GRUPO CULTURART, aquele sobre o qual o notável crítico americano, Harold Bloom, diz ter inventado o humano. Sim, Shakespeare, como bem comenta uma de suas maiores especialistas brasileiras, Barbara Heliodora, amou a humanidade, e creio que, motivado por esse sentimento, ele tentou perscrutar a natureza humana, os escaninhos do coração humano, trazendo ao mundo ficcional personagens dotados de uma interioridade essencialmente ambígua, tão vívidas quanto nós, mortais, ou seja: são figuras tais quais as que encontramos na vida real! Seus vícios e virtudes não permitem que sejam classificadas como tipos, os famosos tipos literários conhecidos da literatura tradicional, como as personagens balzaquianas. É que Shakespeare não visava, no conjunto de sua obra, nenhuma ideologia, nenhum fim moral. Em suas comédias e em suas tragédias, modula suas personagens com a mesma matéria de que são feitas as pessoas: no que lhes concernem, dor/alegria, traição/fidelidade, penúria/abundância, ódio/amor, vingança/misericórdia, generosidade/maldade, inveja/simpatia - a vida e a morte, enfim -, não são pares antitéticos que se resolvem, linearmente, de modo polarizado. São personagens de feição complexa, conforme tipologia de N. Frye. Digamos que a contradição habita a vida; nela, o silêncio fala! A vida - como ela é -, é o que pretende nos mostrar Shakespeare!
Ora, o que visa, por certo, testemunhar aqui o GRUPO CULTURART, é que, por meio da Arte e da Cultura, na qualidade de reconhecidos cidadãos, ele presta a CAMPO FORMOSO seu mais valioso legado: vem formando indivíduos conforme responda à sua natureza autêntica, ou seja: auxiliando-os a conquistar seu espaço, de natureza eminentemente simbólica, no mundo! É esse o fim a que ele se propõe, ao longo desses vinte e cinco anos de consagrado sucesso. 

                            Dulcinea Santos*
                            Recife, 18 de junho de 2015 


·                                 * Escritora



                                 














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